
O uso de novas tecnologias entre idosos cresce no Brasil e no mundo, mas ainda enfrenta barreiras. Dados do último Censo Demográfico do IBGE, de 2022, mostram que brasileiros com 60 anos ou mais representam mais de 15% da população. O acesso desse grupo à internet aumentou: em 2016, apenas 24% utilizavam a rede; em 2022, o índice chegou a 62%.
Para a docente do Senac Tramandaí, Tainara Gonçalves, a principal dificuldade no primeiro contato é a falta de familiaridade com a interface dos dispositivos. Comandos de toque, menus e ícones podem gerar insegurança e até medo de danificar o equipamento. “Diferente das gerações mais jovens, essas pessoas não cresceram usando celulares, tablets ou computadores, por isso é natural que o processo seja mais desafiador”, afirma.
Segundo a especialista, métodos adaptados fazem diferença no aprendizado. Aulas com linguagem simples, revisões frequentes e exemplos práticos do dia a dia ajudam a consolidar o conhecimento. O respeito ao ritmo de cada aluno e a troca de experiências entre participantes também contribuem para criar confiança no uso da tecnologia.
A inclusão digital não se limita a facilitar atividades cotidianas como pagar contas, agendar consultas ou fazer compras. O acesso às ferramentas on-line amplia as possibilidades de socialização, permitindo reencontrar amigos, participar de grupos de interesse e manter contato com familiares.
A docente destaca que é parte essencial do processo combater a ideia de que aprender depois de certa idade é impossível: “Pessoas maduras têm curiosidade e vontade de se conectar. A tecnologia deve ser usada como ponte para aproximar, não como barreira”.
O avanço da inclusão digital nessa faixa etária também contribui para reduzir o isolamento social e ampliar a participação cidadã. Com acesso à informação e a serviços on-line, pessoas mais velhas podem acompanhar notícias, interagir em fóruns de interesse, participar de cursos a distância e até exercer atividades voluntárias ou empreender.
Para a especialista, esse movimento vai além da adaptação ao uso de aparelhos: representa “uma forma de inclusão social que fortalece o papel ativo dessa população na sociedade”.