
A telemedicina tem se consolidado como uma das maiores transformações recentes no acesso à saúde no Brasil. Inicialmente regulamentada em caráter emergencial durante a pandemia de Covid-19, a prática das consultas online se firmou como um recurso que amplia a cobertura do atendimento médico, garantindo mais agilidade, redução de filas e a possibilidade de alcançar pacientes em diferentes regiões do país.
De acordo com Manoela Bosquetti, coordenadora do curso Técnico em Enfermagem do Senac São Leopoldo, a modalidade tem gerado impacto especialmente em cidades menores, onde o acesso a determinadas especialidades médicas antes estava restrito a grandes centros urbanos. “O principal benefício é não precisar se deslocar até a consulta, além do acesso mais rápido a especialistas que muitas vezes não estão presentes em cidades pequenas”, explica.
Segundo a docente, em muitos casos a qualidade do atendimento online pode se equiparar à presencial, sobretudo em acompanhamentos, avaliação de exames, prescrições e orientações gerais. No entanto, Manoela reforça que casos mais complexos, que exigem exame físico, ainda precisam ocorrer de forma presencial para garantir a efetividade do diagnóstico.
Essa mudança de cenário também exige novas competências dos profissionais da saúde. “É fundamental desenvolver habilidades tecnológicas, como o domínio de plataformas de teleatendimento e prontuário eletrônico, além de manter uma comunicação clara e empática, transmitindo segurança mesmo à distância. Também é preciso saber identificar situações que demandam encaminhamento presencial e se manter atualizado em protocolos digitais e legislações sobre telemedicina”, afirma.
Para além da tecnologia, a docente destaca a importância de reforçar a humanização no contato com o paciente. “Estamos falando com uma pessoa do outro lado da tela. É essencial acolher, tratar com empatia e compreender limitações do paciente, seja em relação ao acesso tecnológico ou à compreensão das orientações”, acrescenta.
Atenta a essa tendência, a formação em saúde também tem se adaptado. No Senac São Leopoldo, já foram incorporados conteúdos relacionados à saúde digital, telemedicina, prontuário eletrônico e uso de tecnologias da informação em saúde. “Durante as aulas, os estudantes participam de vivências práticas, práticas de comunicação online e discussões sobre ética no ambiente virtual, se preparando para um mercado cada vez mais digitalizado”, destaca Manoela.
Além disso, a escola já prepara novidades para os próximos anos. Em 2026, será ofertado o curso Teleatendimento em Serviços de Saúde, com carga horária de 16 horas, que acontecerá aos sábados no segundo semestre. A proposta é aprofundar a preparação dos profissionais para os desafios e oportunidades do atendimento digital.