
Muito além das linhas de código, o trabalho de um programador começa com uma escuta atenta e um olhar crítico sobre o mundo à sua volta. A figura tradicional do desenvolvedor técnico e introspectivo vem dando lugar a um profissional cada vez mais estratégico e indispensável, alguém capaz de resolver problemas reais com tecnologia, seja no ambiente corporativo ou em ações voltadas à comunidade.
“Posso dizer que um sistema, um aplicativo ou um software só existe para resolver uma dor, otimizar um processo ou criar uma possibilidade que antes não existia”, afirma o coordenador do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do UniSenac – Campus Porto Alegre, Rafael Rehm. “O verdadeiro trabalho do programador começa muito antes da primeira linha de código ser escrita”, completa.
Rehm defende que o programador é, acima de tudo, um arquiteto de soluções. A tecnologia é apenas a ferramenta e o foco está no problema. “A primeira etapa é ouvir gestores, funcionários, clientes ou membros da comunidade para entender profundamente o desafio, com a ideia de identificar a causa raiz do problema, não apenas os sintomas”, explica. A partir disso, o profissional traduz o mundo real para um modelo lógico e só então escolhe as tecnologias mais adequadas para resolver a situação com eficiência.
Esse processo resulta em soluções que impactam diretamente o cotidiano. Para empresas, o especialista exemplifica através do caso de uma pequena loja de bairro que, ao contar com um sistema de e-commerce integrado ao controle de estoque, consegue vender seus produtos para todo o Brasil, automatizando pedidos e pagamentos. Já em comunidades, ONGs podem se beneficiar de plataformas que conectam suas demandas (como alimentos, roupas ou voluntários) a potenciais doadores de maneira facilitada e eficaz.
Esses resultados, segundo o coordenador, aumentam o valor percebido do profissional de Análise e Desenvolvimento de Sistemas no mercado. “Um desenvolvedor que entrega resultados é indispensável e tem um caminho muito mais promissor em sua carreira, alcançando cargos de liderança, arquitetura de software e consultoria”, ressalta.
O reconhecimento social desse papel é essencial, analisa o especialista: “Quando a sociedade entende que por trás de cada aplicativo que facilita o dia a dia, de cada sistema que torna uma empresa mais competitiva ou de cada plataforma que melhora um serviço público, existe um profissional que pensou, planejou e construiu aquela solução, a percepção muda”.
No UniSenac – Campus Porto Alegre, essa lógica de formação centrada na resolução de problemas já está incorporada desde os primeiros semestres do curso. “Nós não formamos apenas programadores, formamos solucionadores de problemas e gestores de tecnologia e transformação digital”, destaca. Os alunos são desafiados em projetos práticos, desenvolvem sistemas baseados em demandas reais e aprendem com professores que também atuam no mercado, trazendo metodologias, ferramentas e experiências atuais para a sala de aula.
Em tempos em que a transformação digital se acelera e a tecnologia se insere em todos os setores, formar profissionais que saibam usar o conhecimento técnico para gerar impacto se torna não apenas um diferencial, mas uma necessidade.