
Em 13 de julho, é celebrado o Dia Mundial do Rock. A data faz referência ao Live Aid, megafestival beneficente realizado em 1985, com shows simultâneos em Londres e na Filadélfia. Idealizado para arrecadar fundos para combater a fome na Etiópia, o evento entrou para a história ao reunir lendas como Queen, U2, David Bowie, Mick Jagger e The Who em uma mesma causa.
Mais do que um espetáculo musical, o Live Aid simbolizou a força do rock como movimento cultural global. E essa força nunca se expressou apenas no som. Desde os anos 1950, o gênero influencia também o comportamento, a linguagem visual e, em muito, a moda. Cada geração de artistas marcou época com seu estilo, transformando roupas em símbolos de atitude e identidade.
Para a docente da área de Moda do UniSenac – Campus Porto Alegre, Nicele Branda, mais do que um gênero musical, o rock sempre foi um manifesto estético. “A relação entre o rock e a moda sempre foi profunda, simbólica e transformadora. Desde suas origens até os dias atuais, ele não só influenciou tendências estéticas, como também desafiou normas sociais e ajudou a moldar a identidade de várias gerações”, afirma.
A evolução ao longo das décadas
Nicele explica que, já nas origens do gênero, a moda servia como ferramenta de expressão. “Nos anos 50, o visual rockabilly representava a juventude rebelde que desafiava os padrões conservadores da época. Jaquetas de couro, jeans justos e cabelos com topetes altos, inspirados em Elvis Presley, marcaram o período”, aponta.
Na década de 1960, a contracultura e a psicodelia entraram em cena. “Com roupas coloridas e influência hippie, a moda refletia a busca por liberdade, paz e experimentação, tanto musical quanto visualmente”, descreve a docente.
Já nos anos 70, essa influência se acentuou ainda mais e o palco virou passarela da contestação: “a moda virou linguagem de resistência e provocação. David Bowie e seu glam rock trazia um visual andrógino, com maquiagem exagerada e roupas brilhantes. Do outro lado, Sex Pistols trouxeram o punk: roupas rasgadas, couro, alfinetes e atitude ‘faça você mesmo’”.
Com o avanço dos videoclipes, os anos 80 potencializaram essa fusão entre som e imagem. A estética era exagerada e impactante, “caracterizada por cabelos volumosos, ombreiras e maquiagem pesada”, resume a docente. Artistas como Guns N’ Roses e Mötley Crüe incorporavam a moda como parte do espetáculo.
Nos anos 90, veio a virada: o grunge chega para romper com a estética das décadas anteriores. “A aparência desleixada era uma crítica à comercialização da música. Temos como exemplo Nirvana e Pearl Jam com suas flanelas, jeans rasgados e camisetas largas”, destaca.
A partir dos anos 2000, o estilo rocker se torna mais eclético. Segundo a especialista, “houve um resgate de referências, misturadas a novas expressões, resultando na fusão entre passado e presente, moda vintage, estética indie e revival punk/gótico”.
Estilo rocker: peças e símbolos que nunca saíram de moda
Entre os clássicos, a docente destaca elementos que se mantêm como ícones até hoje:
· Jaqueta de couro preta - especialmente o estilo biker
· Calça jeans skinny ou slim, geralmente com rasgos nos joelhos e lavagem escura ou desbotada
· Calças de couro ou vinil
· Camisas xadrez - amarradas na cintura ou sobre camisetas
· Coturnos e botas de couro
· Acessórios como óculos escuros estilo aviador ou wayfarer, pulseiras de couro, tachas ou spikes, bandanas e correntes
Mais do que ditar tendências, o legado do rock está em abrir caminhos para a liberdade de expressão através do vestir. “O rock ensina que estilo é linguagem e que roupas podem ser manifestos. A moda não é apenas aparência, é atitude”, finaliza a docente.