
Ouvir o som dos Beatles em um toca-discos antigo, durante uma festa da prima mais velha, foi o que despertou, ainda na infância, a paixão de Militão Ricardo pelo rock. “Entrou no meu DNA e nunca mais saiu”, conta o professor do curso de Produção Multimídia do UniSenac – Campus Porto Alegre. Hoje, essa paixão se reflete na forma como ensina e conecta teoria e prática na graduação, especialmente na disciplina de Produção de Áudio, que leciona desde 2013.
Natural de Porto Alegre, Militão passou a adolescência em Brasília, onde viveu intensamente a cena do rock nos anos 1980. Formado em Jornalismo e Produção Audiovisual pela Universidade de Brasília, com pós-graduação em Marketing pela ESPM RS e mestrado em Comunicação pela PUCRS, ele também foi músico. Participou de bandas que dividiram palco com grandes nomes. “No dia que o Dinho estreou no Capital Inicial, nós abrimos o show da banda. Também dividi o palco com a Legião Urbana”, lembra.
Essa vivência na música é um ingrediente essencial na sua trajetória como educador. “Estar envolvido com arte ajuda muito, principalmente pelo curso ser ligado à área de design e comunicação”, afirma. Para ele, a arte trabalha a sensibilidade humana – um valor que busca despertar nos alunos ao trazer histórias, experiências e cases reais para a sala de aula.
Apesar de reconhecer que o rock já não ocupa o mesmo espaço central entre os jovens, como nos anos 1980 e 1990, Militão vê nesse estilo musical um modelo criativo de produção: “Por que não tentar fazer as coisas de maneira diferente? Por que não ser criativo? Essas são as lições que os mestres do rock deixaram e estão dentro da minha sala de aula sempre”.
A metodologia de ensino que utiliza se inspira no espírito do “faça você mesmo” típico das bandas independentes. “Trabalhamos muito com a cultura maker. Isto é, 'aprender fazendo' - da mesma forma que nós, rockeiros dos anos 80, aprendemos ao fazer shows, pois, naquela época, não havia curso voltado para a área”, explica.
Atualmente, Militão busca manter-se alinhado com as transformações do mercado da música independente no Brasil. Participa de eventos como a Feira da Música Independente e o Prêmio Profissionais da Música – do qual é jurado.
Ao transitar entre esses universos, Militão entende que ensinar produção multimídia é também preparar os estudantes para atuarem em um cenário onde o músico precisa mais do que talento: precisa saber se comunicar, produzir conteúdo, criar presença nas redes. “A formação de Produção Multimídia permite que os nossos alunos possam trabalhar junto a artistas, músicos, produtores culturais justamente na produção de conteúdo para a música”.
Para ele, trazer sua bagagem cultural para o ambiente acadêmico é fundamental. “Trabalhar com cultura desenvolve muito a sensibilidade, abre a visão para as diversas formas de manifestação do espírito humano.” E, no embalo do rock, segue inspirando novas gerações a colocarem a mão na massa – ou no amplificador.