O ato de consumir ganhou data, roteiro e justificativa. O calendário comercial transformou-se em um mapa emocional que organiza desejos. Datas como Natal, Dia das Mães e Black Friday não apenas movimentam o varejo, mas criam expectativas e moldam comportamentos.
Antes mesmo de saber o que queremos, somos guiados pelo mercado, que nos diz que está na hora de desejar. O consumo deixou de ser impulsivo e tornou-se planejado. A compra virou evento. E, na internet, esse fenômeno só se intensifica.
Campanhas antecipadas, listas de espera, lives promocionais, cupons com contagem regressiva: o digital tornou o desejo imediato, programado e, muitas vezes, inadiável. Comprar agora tem mais sentido do que comprar depois. Afinal, o tempo da oferta tem vencimento.
Mais do que vender produtos, as datas comerciais ativam emoções. O Natal evoca vínculos. O Dia dos Namorados, afeto. A Black Friday, conquista. Cada campanha carrega símbolos que ampliam o valor da compra e justificam o gasto.
Hoje, há datas para tudo. E quando não há, o mercado inventa. Se existe desejo, ele pode ser ativado. Basta criar contexto, urgência e oportunidade.