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Por que ainda vale a pena estudar C e C++ em plena era da inteligência artificial?
Erro
Eduardo Filippsen BarretoDocente dos cursos de Tecnologia do Senac Novo Hamburgo
12/06/25
Tecnologia da Informação

Em um mundo cada vez mais dominado por linguagens modernas como Python, JavaScript e por ferramentas baseadas em inteligência artificial, é comum que muitos estudantes se perguntem se ainda faz sentido investir tempo estudando linguagens como C e C++ (linguagens de programação de nível médio). Essa dúvida aparece com frequência nas salas de aula — e é completamente válida. Afinal, com tantos recursos automatizados e linguagens “fáceis” disponíveis, por que mergulhar em algo mais técnico e desafiador? A resposta, pelo menos na minha visão como professor de informática, é clara: vale sim — e por vários motivos.


C e C++ são linguagens que, apesar de terem sido criadas há décadas, continuam sendo extremamente relevantes. Elas não estão ultrapassadas — muito pelo contrário. São linguagens que nos aproximam do funcionamento real das máquinas. Em vez de esconderem os detalhes técnicos, como muitas linguagens de alto nível fazem, elas os expõem. Ao estudá-las, o aluno tem a oportunidade de compreender conceitos fundamentais como ponteiros, gerenciamento manual de memória, estruturas de dados otimizadas e até como funciona o processo de compilação. Isso tudo amplia a visão do estudante sobre o que é, de fato, programar.


Na prática, aprender C e C++ é como aprender a base da engenharia antes de construir arranha-céus. Com esse conhecimento, o aluno desenvolve não apenas habilidades técnicas, mas também um raciocínio lógico muito mais afiado. Ele passa a entender limitações, otimizações e decisões de projeto com muito mais consciência. E mais: aprende a lidar com erros de verdade, aqueles que exigem paciência, atenção e lógica para resolver — características essenciais em qualquer bom programador.


Outro ponto que costumo destacar é que grande parte das tecnologias que usamos todos os dias ainda depende dessas linguagens. Sistemas operacionais como Windows, Linux, partes de navegadores, jogos de alto desempenho, bancos de dados e softwares embarcados são escritos em C ou C++. Essas aplicações exigem controle, desempenho e eficiência — três pontos fortes dessas linguagens. E sim, o mercado ainda busca profissionais que dominem C e C++. Isso é especialmente verdade nas áreas de sistemas embarcados, segurança digital, desenvolvimento de drivers, firmware, e em qualquer aplicação onde performance é crucial.


Estudar C e C++ não é apenas uma escolha técnica — é uma forma de construir uma base sólida. É entender a raiz da computação. Quem aprende C, entende qualquer outra linguagem depois com muito mais facilidade. Mais do que isso, entende como pensar com profundidade, clareza e consciência. Por isso, mesmo com todas as modernidades que temos hoje, sigo valorizando essas linguagens — porque sei o quanto elas transformam o aprendizado e moldam profissionais mais completos.