
A palavra nerd surgiu pela primeira vez em 1950, no livro infantil “If I Ran the Zoo”, do escritor Dr. Seuss. Era o nome de um personagem, uma criatura esquisita, fato que indica como o termo foi usado inicialmente: como algo fora do padrão. Nos anos 70, o termo se popularizou nos Estados Unidos como uma forma pejorativa de descrever pessoas muito estudiosas, introspectivas e “desajustadas” socialmente — os típicos alunos que trocavam festas por livros ou clubes de ciências.
Ser chamado de nerd naquela época era, muitas vezes, sinônimo de exclusão. Mas com o tempo, o termo foi se transformando. Nerds criaram empresas como Google, Apple e Microsoft. Desenvolveram jogos que hoje são referência global, reinventaram o cinema com efeitos visuais e dominaram o mundo da tecnologia.
De acordo com o docente e orientador educacional do Senac Tech, Daniel Steinbruch, a tecnologia permitiu que os que interesses antes considerados “alternativos” ganhassem alcance global. Os games e filmes de super-heróis, por exemplo, se tornaram um fenômeno cultural e econômico. Filmes e séries inspiradas em quadrinhos – como o universo Marvel – movimentam bilhões e lotam salas de cinema no mundo todo. “O que antes era ‘coisa de nerd’ virou paixão coletiva. E, com isso, o nerd passou a ser referência: não só em tecnologia, mas também em comportamento, consumo, inovação e estilo de vida”, destaca.
Se nos anos 80 e 90, o estereótipo do nerd foi marcado por representações caricatas nas mídias da época, hoje esse olhar foi sendo ressignificado. Com o avanço da internet, das redes sociais e da cultura digital, essas pessoas passaram a se conectar, criar conteúdo, formar comunidades e se reconhecer umas nas outras. “Hoje, esse perfil está nos palcos da Comic Con, nos podcasts de tecnologia, no comando de startups. É pop, plural e pode ser extrovertido, carismático, criativo — como qualquer outro,” afirma.
O que significa ser nerd nos dias de hoje?
Ser nerd hoje é ter paixão por um tema e se aprofundar com intensidade. Pode ser por ciência de dados, RPG, história medieval, sistemas operacionais, músicas ou séries coreanas — não importa o tema, importa o envolvimento.
Essa intensidade cria laços. A cultura é marcada por comunidades acolhedoras, fóruns, eventos, fandoms e muito compartilhamento. “Há um senso de pertencimento muito forte: você encontra ‘seus iguais’ e se sente em casa. O nerd moderno não é solitário, ele é parte de uma rede”, afirma.
Daniel finaliza ressaltando que, se antes o termo “nerd” carregava estigmas de isolamento e esquisitice, hoje ele representa paixão, dedicação e profundidade. Ser nerd é mergulhar com entusiasmo em um universo de conhecimento, é transformar curiosidade em habilidade, conectando ideia e pessoas. Em ambientes educacionais e profissionais, vemos esse perfil ganhar protagonismo — são estudantes e especialistas que constroem pontes entre inovação e propósito “É sobre mergulhar fundo em algo que te move. E isso é lindo demais”, conclui.