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Soft Skills no desenvolvimento de profissionais de tecnologia: uma competência essencial no mundo contemporâneo
Erro
Gabriel BarrosDocente de Desenvolvimento de Sistemas do Senac Novo Hamburgo
12/06/25
Tecnologia da Informação

Durante muito tempo, a imagem do programador esteve associada à figura do indivíduo introspectivo, isolado, que desenvolvia soluções tecnológicas de forma quase solitária, distante das interações humanas. Esse estereótipo, amplamente disseminado no imaginário coletivo, hoje se mostra absolutamente obsoleto e desconectado da realidade do mercado contemporâneo.


O avanço da tecnologia, aliado à transformação digital e à crescente complexidade dos ambientes de trabalho, ressignificou completamente o papel dos profissionais de tecnologia. Atualmente, dominar linguagens de programação, estruturas de dados, frameworks ou qualquer outro conjunto de hard skills, embora necessário, não é mais suficiente. O mercado exige, cada vez mais, profissionais capazes de transitar com segurança e competência no âmbito das soft skills, desenvolvendo habilidades de comunicação, trabalho em equipe, empatia, resolução de conflitos, negociação e adaptabilidade.


O profissional de tecnologia no contexto atual


Vivemos em um mundo hiperconectado, onde a sociabilidade transcende os espaços físicos e se estende aos ambientes virtuais. O trabalho, o aprendizado e o lazer estão, em sua essência, ancorados em redes — sejam elas sociais, profissionais ou colaborativas. Nesse cenário, o programador deixou de ser o personagem isolado que atua às margens da interação humana e passou a ocupar um espaço central nas dinâmicas sociais das organizações.


Hoje, é esperado que o profissional de desenvolvimento de software saiba, além de codificar, se comunicar de maneira clara e eficiente, defender uma ideia, apresentar uma proposta técnica, negociar prazos e soluções com clientes e colegas, além de atuar de forma colaborativa e ética dentro das equipes. Saber quando falar, como falar, o que falar e, igualmente importante, quando silenciar, torna-se uma competência tão valiosa quanto saber escrever uma linha de código funcional.


Mais do que nunca, empresas valorizam indivíduos que compreendem seu papel dentro da equipe, que sabem lidar com diferentes perfis, que são capazes de oferecer e receber feedback, que possuem empatia e que entendem que o desenvolvimento de software é, essencialmente, um processo coletivo.


A prática educacional no desenvolvimento das soft skills


No ambiente do Senac, o desenvolvimento das soft skills não é tratado como um elemento secundário ou complementar, mas como um componente estruturante da formação dos futuros profissionais. Todas as atividades colaborativas, dinâmicas em grupo, simulações de ambientes profissionais e projetos integradores são cuidadosamente pensados para promover, além do domínio técnico, o fortalecimento das habilidades interpessoais.


A prática pedagógica adotada busca, de maneira intencional, gerar espaços de fala, escuta, interação e construção coletiva. Seja por meio de atividades que simulam empresas, desenvolvimento de projetos compartilhados, apresentações públicas ou discussões orientadas, o objetivo é que cada aluno se perceba como parte integrante de uma rede, desenvolvendo não apenas competências técnicas, mas também emocionais, sociais e comunicacionais.


Esse cuidado se torna ainda mais evidente quando se observa o acompanhamento dos alunos mais introvertidos, que são continuamente estimulados a participar, a opinar, a se engajar com os colegas e a perceber que o ambiente de trabalho exige, invariavelmente, a capacidade de se comunicar, de ouvir e de colaborar.


Além disso, são constantemente incorporados elementos culturais, leituras, histórias e experiências de mercado que enriquecem o repertório dos estudantes, fortalecendo não apenas suas competências profissionais, mas também sua formação como cidadãos críticos, reflexivos e preparados para os desafios do mundo contemporâneo.


Soft Skills: pilar para a empregabilidade e o sucesso profissional


O desenvolvimento das soft skills não é apenas uma questão de adequação às exigências do mercado, mas também um fator determinante para a empregabilidade e o crescimento na carreira. Profissionais tecnicamente competentes, mas socialmente inábeis, encontram, cada vez mais, limitações no avanço de suas trajetórias.


Empresas buscam colaboradores que saibam trabalhar sob pressão, que tenham inteligência emocional, que saibam mediar conflitos, que sejam capazes de explicar conceitos técnicos de forma acessível para pessoas não técnicas e que consigam atuar como agentes de transformação dentro de suas organizações.


Portanto, o programador dos tempos atuais não é mais o indivíduo isolado, inacessível, que opera nos bastidores da tecnologia. É, antes, um profissional que articula conhecimento técnico com habilidades humanas, que sabe transitar entre o código e a comunicação, entre a lógica e a empatia, entre a resolução de problemas e a construção de relações saudáveis e produtivas.


Portanto, a formação de profissionais de tecnologia no século XXI exige uma compreensão clara de que as hard skills e as soft skills não são competências dissociadas, mas dimensões complementares de um mesmo processo formativo. No Senac, esse entendimento norteia cada etapa do desenvolvimento dos alunos, preparando-os não apenas para programar, mas para atuar de forma plena, consciente e eficiente nos ambientes profissionais que irão encontrar.


Ao fomentar o desenvolvimento das habilidades interpessoais, buscamos não apenas formar programadores, mas sim profissionais completos, capazes de contribuir com seus times, dialogar com seus clientes, construir soluções em conjunto e, acima de tudo, serem protagonistas de suas próprias trajetórias profissionais.